Conheça as oportunidades no mercado polaco
A APICCAPS e AICEP organizaram, no passado dia 17 de fevereiro, o webinar Em Foco: Polónia e Hungria. Hoje fique a conhecer as potencialidades para as empresas portuguesas no mercado polaco.
Pedro Macedo Leão, delegado da AICEP em Varsóvia, classifica a Polónia como um país fascinante, com uma economia, população e área geográfica sensivelmente três vezes e meia superior à portuguesa. Um país descentralizado, com a capital em Varsóvia, que tem 1,716 milhões de habitantes, mas que conta com muitas cidades importantes como Cracóvia, Lodz, Wroclaw, Poznan, Gdansk, Szczecin, Bydgoszcz, Lublin e Katowice.
A Polónia não aderiu ao euro, mantendo, por isso, a sua moeda própria, o zlóti (PLN). Ao contrário dos países da Zona Euro, a Polónia enfrenta o risco de depreciação da moeda. Um euro equivale a 4,5 PLN, quando, em março de 2020, no início da pandemia, equivalia a 4,23 PLN. Uma informação importante a ter em conta no caso do estabelecimento de contratos na moeda local.
A Polónia é o maior país da Europa Central, com 38,2 milhões de habitantes e dispõe de uma situação geográfica estratégica, constituindo uma importante plataforma para outros mercados da região, nomeadamente para a Ucrânia, Lituânia e Bielorrúsia.A Polónia foi a 21ª economia a nível mundial e é a 7ª da UE em 2019. Com uma economia cada vez mais aberta ao exterior, a Polónia tem beneficiado da sua integração na UE.A economia polaca assume-se, de há vários anos a esta parte, como um caso de êxito entre os países da região, tendo o PIB crescido 4,9% em 2017, 5,3% em 2018 e 4,1% em 2019, impulsionado essencialmente pelo forte crescimento da procura interna, em particular pelo consumo interno e pelo investimento.
Estima-se que será, a nível europeu, um dos países menos afetados pela crise pandémica, com excelentes resultados ao nível da exportação dos seus produtos. Com a redução significativa do desemprego e o contínuo aumento dos salários reais, o consumo das famílias manteve-se em níveis elevados.
Estima-se que o ano de 2020 termine com uma contração do PIB de 3,4%, mas já é esperada uma retoma do crescimento de 3,5% em 2021. Segundo a Comissão Europeia, o consumo privado polaco caiu acentuadamente em 2020 (-4,9% face a 2019), enquanto o consumo público aumentou (2,9%). Uma menor procura e maior incerteza contribuíram para uma forte redução do investimento privado.
O desemprego subiu dos 3,3% em 2019 para 6% em 2020, enquanto a taxa de inflação subiu para cerca de 2,5%, uma das mais altas da Europa. Prevê-se uma quebra na Polónia, quer das exportações de bens e serviços, quer das importações (da ordem respetivamente, dos -9,8% e -10,6%), em 2020.
Por outro lado, prevê-se um agravamento do défice orçamental (0,7% do PIB em 2019 para 9,5% em 2020), bem como do peso da divida pública (46% do PIB em 2019 para cerca de 58,5% em 2020).
Salário mínimo
Tem vindo a crescer sistematicamente, na casa dos 5 a 6% ao ano. A partir de 1 de janeiro de 2021 entrou em vigor um novo valor de salário mínimo na Polónia, que passou a ser 2.800 PLN brutos mensais (cerca de 615 euros), um aumento de 200 PLN (43,9 euros) face a 2020. Em termos líquidos, o valor mensal é de 2.061,67 PLN (cerca de 453 euros) .
O programa do governo polaco prevê que, em 2023, o salário mínimo no país chegue aos 4.000 PLN (cerca de 880 euros). O valor mínimo por hora é de 18,30 PLN (cerca de 4 euros).
Além disso, o governo polaco incentiva fortemente as famílias com filhos concedendo um apoio mensal de aproximadamente 120 euros por filho, o que tem contribuído para o aumento do poder de compra das famílias e para o aumento do consumo.
Salário mínimo
Tem vindo a crescer sistematicamente, na casa dos 5 a 6% ao ano. A partir de 1 de janeiro de 2021 entrou em vigor um novo valor de salário mínimo na Polónia, que passou a ser 2.800 PLN brutos mensais (cerca de 615 euros), um aumento de 200 PLN (43,9 euros) face a 2020. Em termos líquidos, o valor mensal é de 2.061,67 PLN (cerca de 453 euros) .
O programa do governo polaco prevê que, em 2023, o salário mínimo no país chegue aos 4.000 PLN (cerca de 880 euros). O valor mínimo por hora é de 18,30 PLN (cerca de 4 euros).
Além disso, o governo polaco incentiva fortemente as famílias com filhos concedendo um apoio mensal de aproximadamente 120 euros por filho, o que tem contribuído para o aumento do poder de compra das famílias e para o aumento do consumo.
Relação económica bilateral
As exportações portuguesas para a Polónia conheceram uma expansão importante nos últimos anos, experimentando um crescimento contínuo entre 2013 e 2019 com uma taxa de crescimento anual média superior aos 10%.
As exportações portuguesas para a Polónia conheceram uma expansão importante nos últimos anos, experimentando um crescimento contínuo entre 2013 e 2019 com uma taxa de crescimento anual média superior aos 10%.
A Polónia tem vindo a subir sistematicamente no ranking dos principais clientes de Portugal e “hoje em dia é o 10º cliente, um mercado já muito relevante para as nossas exportações e para as nossas empresas e onde acredito que existem excelentes oportunidades para o futuro porque é um país que se perspetiva que venha a crescer sempre a um ritmo de 3 a 4% ao ano face ao restante das economia europeias mais estagnadas.
Pedro Macedo Leão destaca que este é um mercado que tem vindo sempre a crescer, com o aumento do poder de compra e da predisposição das pessoas para consumir. O polaco é cada vez mais sofisticado, consome cada vez mais produtos com uma relação preço-qualidade aos quais eles estão sempre atentos, mas tem vindo a crescer a sofisticação dos produtos e a qualidade dos produtos. É um mercado que eu penso que terá muito potencial para as empresas portuguesas, defende o delegado da AICEP.
No ano 2020, devido à pandemia, houve quedas significativas em alguns setores mais importantes. As vendas de automóveis em muitos países da UE sofreram uma queda sem precedentes. Esta situação refletiu-se também nas trocas comerciais entre Portugal e a Polónia. As partes e acessórios para a indústria de automóvel, tradicionalmente uma componente elevada nas exportações nacionais para a Polónia caiu em 30% em 2020.
Outras indústrias cujo valor registou uma descida elevada em comparação com o ano 2019 são: química, agrícola, peles e couros e também a do calçado (-15%). O mercado de calçado vale hoje cerca de 22 milhões de euros de exportações para as empresas portuguesas.
Situação da Covid-19 na Polónia
Desde que o país foi atingido pela pandemia, em março de 2020, que o governo polaco tem vindo a tomar uma série de medidas para conter a disseminação do vírus. Os shoppings foram autorizados a abrir novamente desde 1 de fevereiro, Hotéis, teatros, cinemas e piscinas podem funcionar, desde 12 de fevereiro, mas com capacidade limitada.
Até finais de março estão suspensos os voos diretos regulares entre a Polónia e Portugal, assegurados pela TAP.
De acordo com estimativas do Conselho Polaco de Centros Comerciais, os shoppings perderam até 5 mil milhões de PLN, devido ao confinamento, perdas que, no caso dos lojistas, podem chegar aos 30 mil milhões de PLN.
De acordo com estimativas do Conselho Polaco de Centros Comerciais, os shoppings perderam até 5 mil milhões de PLN, devido ao confinamento, perdas que, no caso dos lojistas, podem chegar aos 30 mil milhões de PLN.
Durante a pandemia, 29 % dos polacos substituíram em grande parte as compras tradicionais por compras online. Mais de 25% mudaram ligeiramente os seus hábitos, e mais de 3,4% mudaram completamente para o comércio eletrónico, indica o responsável da AICEP. A segurança, a dificuldade de acesso aos estabelecimentos e a vontade de ver como funciona o comércio eletrónico foram as principais para a mudança.
De acordo com um inquérito recente, entre pessoas que mudaram os seus hábitos de compra por causa das restrições, 55,4% dos consumidores pretendem regressar às compras tradicionais após a pandemia. Por outro lado, 22,6% disseram que ficariam com as compras online. O sucesso da remodelação do comércio é evidenciado pelo facto de as vendas não terem diminuído, e até aumentado cerca de 1,2%, apesar do choque causado pela pandemia. Portanto, é pouco provável que haja um regresso do comércio eletrónico a um papel secundário.
Os shoppings reabriram a 1 de fevereiro de 2020 e os polacos foram ávidos no regresso às compras, o que resultou em multidões nos centros comerciais e longas filas de espera nas lojas. Sujeitos já a três lockdowns distintos, os lojistas dos centros comerciais estão a considerar regressar às lojas de rua, refere, ainda, Pedro Macedo Leão.
Setor do calçado na Polónia
O mercado do calçado na Polónia gerou receitas de mais de 4,5 mil milhões de euros em 2019, um aumento de 16,6% face ao ano anterior. Apesar da pandemia, é esperado que tenha crescido 7,6% em 2020 e atinja os 4,7 mil milhões de euros. E as perspetivas mantêm-se dinâmicas, com as previsões a apontar para um crescimento do mercado polaco de calçado à taxa de 8,9% por ano para os 6,1 mil milhões de euros em 2023.
O mercado do calçado na Polónia gerou receitas de mais de 4,5 mil milhões de euros em 2019, um aumento de 16,6% face ao ano anterior. Apesar da pandemia, é esperado que tenha crescido 7,6% em 2020 e atinja os 4,7 mil milhões de euros. E as perspetivas mantêm-se dinâmicas, com as previsões a apontar para um crescimento do mercado polaco de calçado à taxa de 8,9% por ano para os 6,1 mil milhões de euros em 2023.
O segmento do calçado “têxtil, sandálias e outros sapatos deste tipo” representa a maior quota de mercado, com vendas de 1,9 mil milhões de euros em 2019, representando 43,4% das vendas totais desta indústria.
A Polónia é, também, um fabricante de calçado, com 3.400 empresas. É o 7º maior produtor da União Europeia, com uma quota de mercado de 2,5%. E é o 5º maior empregador comunitário deste setor, assegurando emprego a quase 18 mil pessoas.
Em 2017, o país atingiu o seu valor mais elevado de produção de sempre: 37,5 milhões de pares. Desde então, tem diminuído gradualmente. Em 2019 atingiu o nível mais baixo desde 2012, tendo sido produzidos 31 milhões de pares. Os sapatos em couro representaram menos de 7 milhões de pares.
Em 2017, o país atingiu o seu valor mais elevado de produção de sempre: 37,5 milhões de pares. Desde então, tem diminuído gradualmente. Em 2019 atingiu o nível mais baixo desde 2012, tendo sido produzidos 31 milhões de pares. Os sapatos em couro representaram menos de 7 milhões de pares.
O aumento dos custos de produção, designadamente por via do aumento dos salários e dos preços das matérias-primas e da energia, mas, também, das taxas para a eliminação de resíduos e esgotos, têm levado á subcontratação crescente de produção na Ásia, mas também em países como a Moldávia e a Ucrânia, diz Pedro Macedo Leão.
Sobre os hábitos de consumo, cada polaco gastou, em média, 117,6 euros em calçado em 2019, montante que se prevê suba para 162,4 euros em 2023.
Sobre os hábitos de consumo, cada polaco gastou, em média, 117,6 euros em calçado em 2019, montante que se prevê suba para 162,4 euros em 2023.
O delegado da AICEP deu, ainda, a conhecer as conclusões de um inquérito (Polskie Buty) encomendado pela CCC, líder do setor do calçado na Europa Central e Oriental, realizado pela empresa de análises e pesquisas Zymetria, e que mostra que, em média, as mulheres polacas têm 17 pares de sapatos e os homens 7. Dois terços das mulheres caçam 37 a 39 e dois terços dos homens usam os tamanhos 42 a 44. O mesmo estudo mostra que os polacos são cada vez menos guiados pelo clima e cada vez mais pela moda e pelo conforto, preferindo sapatos pretos, brancos (especialmente nos modelos desportivos), beges e castanhos. As mulheres costumam escolher os sapatos de salto alto pretos ou beges (75% e 31% respetivamente), com o vermelho a surgir em terceiro lugar. Os sneakers são o calçado usado com mais frequência na faixa etária de 18 a 45. O estudo mostra, que há uma consciência crescente de que os sapatos são a base da boa aparência, destaca Pedro Macedo Leão.
Sobre o e-commerce, os dados do mercado polaco mostram que 22% das vendas de calçado em 2019 foram realizadas online, fatia que deve aumentar para 24,4% em 2023.
Vendas on-line
Em 2019, as vendas online na Polónia geraram 50 mil milhões de PLN (11,1 mil milhões de euros) e as previsões, pré-pandemia, eram para que crescesse para os 70 mil milhões de PLN (15,5 mil milhões de euros). Afinal, tudo indica que o comércio eletrónico possa ter atingido os 100 a 120 mil milhões de PLN (22,2 a 26,7 mil milhões de euros) em 2020 e que cresça 20%, pelo menos, até 2025, segundo dado do Unity Group, um parceiro na transformação das vendas digitais.
Em 2019, as vendas online na Polónia geraram 50 mil milhões de PLN (11,1 mil milhões de euros) e as previsões, pré-pandemia, eram para que crescesse para os 70 mil milhões de PLN (15,5 mil milhões de euros). Afinal, tudo indica que o comércio eletrónico possa ter atingido os 100 a 120 mil milhões de PLN (22,2 a 26,7 mil milhões de euros) em 2020 e que cresça 20%, pelo menos, até 2025, segundo dado do Unity Group, um parceiro na transformação das vendas digitais.
A Polónia conta com 28,8 milhões utilizadores da internet, 72 % dos quais fazem compras online em lojas polacas e 30% em lojas estrangeiras. As categorias de produtos com maior procura são o vestuário e acessórios (69%), calçado (58%) e a cosmética e perfumes (57%).
CCC, Eobuwie, Zalando, Answear e Allegro são os líderes de mercado nas vendas de calçado na Polónia. Seguem-se Kazar, Apia, Symbiosis, Venezia e Riccardo, Zebra, Filippo, Schaffa e Wittchen. No que a plataformas específica diz respeito, o delegado da AICEP destaca a domodi, lamoda e allani.
Principais Feiras e Eventos
Sobre o modo de abordagem ao mercado, o delegado da AICEP deu a conhecer alguns dos eventos profissionais para o setor, caso da Semana da Moda, a TYDZIE? MODY (http://tydzienmody.eu), um evento tipo contratação que decorre duas vezes ao ano, na primavera e no outono, em Varsóvia, Poznan e Cracóvia e que é dedicado ao calçado importado e de preço mais alto. Há, ainda, a POLSHOES, dedicada mais à indústria local ou ao calçado importado, mas de preço mais baixo, que se realiza, também, duas vezes ao ano, na primavera e no outono, nas cidades de Varsóvia e Cracóvia. (https://targimodypoznan.pl/en/ ; https://www.facebook.com/DniObuwia)
Sobre o modo de abordagem ao mercado, o delegado da AICEP deu a conhecer alguns dos eventos profissionais para o setor, caso da Semana da Moda, a TYDZIE? MODY (http://tydzienmody.eu), um evento tipo contratação que decorre duas vezes ao ano, na primavera e no outono, em Varsóvia, Poznan e Cracóvia e que é dedicado ao calçado importado e de preço mais alto. Há, ainda, a POLSHOES, dedicada mais à indústria local ou ao calçado importado, mas de preço mais baixo, que se realiza, também, duas vezes ao ano, na primavera e no outono, nas cidades de Varsóvia e Cracóvia. (https://targimodypoznan.pl/en/ ; https://www.facebook.com/DniObuwia)
Destaque, ainda, para a TARGI MODY FASHIONWEARE, uma feira de vestuário, mas que conta com alguns stands de calçado (https://www.fashionweare.com) e para a TARGI MODY POZNAN, na cidade de Poznan (https://targimodypoznan.pl/en/). Ou para a SAWO, International Trade Fair for Work, Fire and Rescue Protection, mais vocacionado para o segmento profissional e da segurança (https://targisawo.pl)