Cracóvia é o novo destino que se segue no horizonte do calçado português
Em termos práticos, mercados em crescimento oferecem, obviamente, “melhores perspetivas de sucesso comercial”. A quantidade de calçado adquirida num determinado país é fundamentalmente determinada pelo número e pela situação económica dos seus habitantes, embora muitos outros fatores, desde o clima à estrutura etária da população, sejam também relevantes. As perspetivas de evolução da população e do PIB per capita de cada país sugerem que, na próxima década, será sobretudo na Ásia e em África que o consumo de calçado mais aumentará”, pode ler-se no documento.
Por esse motivo, “entre as economias avançadas, os EUA são, porventura, o país que oferece melhores perspetivas, nomeadamente quando se considera adicionalmente a dimensão do mercado. Com o menor crescimento previsional do PIB per capita entre todos os continentes e forte probabilidade de diminuição e envelhecimento da população, a Europa é o continente onde o crescimento do consumo de calçado deverá ser mais reduzido”
A quantidade de calçado consumido em cada país, por sua vez, não é, “no entanto, um indicador suficiente para orientar os esforços comerciais da indústria portuguesa de calçado. Diferentes países apresentam diferentes padrões de consumo e uns adequam-se melhor do que outros à sofisticação e criatividade, e consequente preço, que caraterizam a oferta portuguesa. A procura por calçado com estas caraterísticas concentra-se predominantemente em consumidores com níveis de rendimento elevados. Admitimos aqui que o mercado potencial do calçado português é constituído pelos consumidores que têm um rendimento igual ou superior à média do PIB per capita dos países da OCDE em 2020, ou seja, cerca de 38 500 dólares. Trata-se, obviamente, de uma simplificação, uma vez que não existe uma fronteira estrita, em termos de rendimento, entre os consumidores com apetência pelo calçado português e os que não a têm”.
Assim, de acordo com o critério adotado, "o mercado potencial para o calçado português é constituído por 9,1% da população mundial, ou seja, cerca de 690 milhões de pessoas. Com base em informação disponível no Banco Mundial, estimamos que 30% destes consumidores se localizem nos EUA, 21,6% na UE, 11% na China, 7% no Japão e 7% noutros países europeus, estando os restantes dispersos pelo mundo.
Na Europa, as cidades alvo situam-se quase todas ao longo de uma linha reta de menos de 3 000 km de comprimento que vai do norte do Reino Unido (Glasgow) ao sul de Itália (Nápoles), embora com extensões para as penínsulas Ibérica e da Escandinávia. Nesta região concentra,-se cerca de um quinto dos clientes potenciais identificados a nível mundial.
Em traços gerais, os mercados europeus, em especial, os integrados na UE, apresentam evidentes vantagens. “Não surpreende, portanto, que seja nesse espaço que tradicionalmente se concentra a larga maioria das exportações portuguesas de calçado", recorda Vasco Rodrigues. Com efeito, a penetração do calçado português apresenta diferenças relevantes entre os vários mercados da UE, mesmo depois de controlar o impacto de fatores que os diferenciam, como a população, o rendimento e a distância a Portugal. Uma uniformização do desempenho nos vários mercados, alinhando-o pelos melhores resultados conseguidos atualmente pelos exportadores nacionais, permitiria um crescimento substancial das exportações para diversos mercados do centro e leste da UE, como a Áustria, a Polónia ou a República Checa.
Em novembro próximo, o calçado português promoverá uma ação comercial na APICCAPS, numa ofensiva promovida pela APICCAPS, com o apoio do programa Compete2030. “Começamos estas ações cirúrgicas no último ano na Hungria, continuamos este ano na Coreia do Sul e é chegado o momento de investirmos na Polónia. Em simultâneo, estamos a reforçar de forma significativa as nossas ações nos EUA”, destacou Luis Onofre. “Continuamos a viver um período conjunturalmente muito complexo, que exige das nossas empresas uma atitude comercial mais agressiva”, recordou o Presidente da APICCAPS