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Portugal quer duplicar exportações de calçado técnico

Portugal quer duplicar exportações de calçado técnico

3 Out, 2024

O objetivo é atingir os 100 milhões de euros


A indústria portuguesa de calçado está empenhada em duplicar as exportações de calçado técnico para 100 milhões de euros até final da década. Decisivo para esse contributo será o projeto mobilizador FAIST, que junta 45 parceiros e pretende desenvolver uma nova geração de tecnologia de ponta.

Para Florbela Silva, coordenadora do projeto FAIST, “importa que a reindustrialização e uso de processos de elevada produtividade permitam às empresas fabricar pequenas, médias e grandes encomendas a preços competitivos, conseguindo entrar nas grandes cadeias de distribuição, nomeadamente nos segmentos mais técnicos”. Para a responsável do projeto mobilizador o “FAIST irá mesmo reposicionar a indústria de calçado em Portugal no plano internacional”.  

A indústria portuguesa tem vindo a investir na produção de calçado técnico de alto valor acrescentado fornecendo inclusivamente as principais forcas de segurança a nível internacional, mas igualmente hospitais, centros de saúde ou mesmo companhias aéreas. Uma realidade que será reforçada com os investimentos em curso. “Temos o conhecimento, a capacidade instalada e estamos a preparados para alagar a nossa oferta”, destacou Reinaldo Teixeira. Para o Presidente do Centro Tecnológico do Calçado de Portugal “temos todas as condições para nos afirmarmos como uma referência no desenvolvimento de calçado técnico”.  

“Nos últimos 20 anos, o segmento de calçado profissional em Portugal evoluiu de forma significativa, acompanhando as mudanças na economia global, nas exigências regulamentares e nas necessidades dos clientes”, defende Albano Fernandes. O CEO da AMF recorda que, no início, “o mercado era bastante focado em atender às normas básicas de segurança e funcionalidade. As empresas estavam mais preocupadas com a produção em massa, oferecendo calçado robusto e acessível, principalmente para setores como a construção e a indústria pesada”. No entanto, considera Albano Fernandes, “à medida que as exigências dos trabalhadores e das empresas evoluíram, assistimos a uma transformação importante no setor. As regulamentações de segurança tornaram-se mais rigorosas, impulsionando a inovação nos materiais e na tecnologia aplicada ao calçado. Hoje em dia, há uma procura crescente por produtos que combinem proteção com conforto, design e até preocupações ambientais. O mercado não se limita mais a apenas cumprir requisitos legais, há uma pressão crescente por desenvolver calçado profissional ergonómico, leve e esteticamente apelativo”.

Acresce que, “o advento da digitalização e a globalização dos mercados também nos permitiram expandir o alcance internacional das nossas empresas. Hoje, conseguimos competir em nichos de alto valor acrescentado, exportando para mercados que antes eram praticamente inacessíveis”. Temos, continuou Albano Fernandes, “de continuar a inovar e a adaptar-nos às tendências globais, como a sustentabilidade, a personalização e o uso de tecnologia inteligente nos produtos, para garantir que Portugal mantém a sua competitividade no setor”.

Já de acordo com Teófilo Leite “a produção nacional de calçado profissional está ao nível dos melhores”. Para o responsável-máximo da ICC “Portugal distingue-se pela competitividade, grande capacidade de adaptação, a disponibilidade para acolher projetos disruptivos e a flexibilidade produtiva”. Em termos práticos, “o segmento do calçado profissional em Portugal tem evoluído de forma proporcional ao aumento da consciência global relativamente à sua mais-valia na proteção e estado geral de boa saúde dos colaboradores dos mais diversos setores de atividade”, considera Teófilo Leite. “Começamos por privilegiar a segurança no trabalho, mas rapidamente se percebeu que se tinha de harmonizar segurança com design, tendências de moda, seleção de matérias-primas, capacidade de testar a conformidade dos seus produtos em relação às normas, bem como a saúde do pé, área em que a Lavoro foi pioneira há quase 15 anos”.

Do ponto de vista técnico, Teófilo Leite recorda que “a produção de calçado profissional é muito exigente”, na medida em que todos os modelos carecem de certificação em diversos parâmetros. “Este é um setor muito regulado, com normas diferentes de mercado para mercado”, recorda, razão pela qual “este é um segmento sem espaço para improviso”. Por isso, “rigor e paciência são os primeiros requisitos, antes mesmo de idealizar bons modelos, selecionar os melhores materiais, ter as melhores equipas produtivas, investir em tecnologia de vanguarda, ter capacidade diária para testar materiais e produtos, construir uma marca, não estar dependente do preço, estabelecer parcerias estratégicas e ter uma força de vendas eficiente”.

Afastar a concorrência

“Enquanto parte da indústria portuguesa de calçado, aquilo que nos distingue a nível nacional é a herança de qualidade e a nossa capacidade de inovação contínua”, assegura Albano Fernandes. Para o CEO da AMF, “Portugal é amplamente reconhecido pela excelência na produção de calçado, e as nossas empresas refletem essa tradição de mestria artesanal aliada à adaptação às novas exigências globais. A nossa indústria tem a reputação de combinar qualidade premium com flexibilidade produtiva, o que nos permite responder rapidamente às mudanças do mercado e às necessidades dos clientes”.

A outro nível, entende Albano Fernandes, “o calçado produzido em Portugal é conhecido pela sua durabilidade e pelo cumprimento rigoroso das normas europeias de segurança, o que nos posiciona como um dos principais exportadores de calçado de segurança a nível internacional. Como membros deste setor dinâmico e inovador, conseguimos integrar a tradição artesanal com tecnologia de ponta, garantindo que continuamos a ser competitivos e reconhecidos em mercados exigentes”.

Alexandre Carneiro, da histórica Lisete que se aproxima a passos largos do centenário, por sua vez, acrescenta que “a produção de pequenas series, muitas das vezes adaptadas a mercados específicos, é uma das grandes vantagens competitivas de produzir em Portugal, bem como a agilidade e capacidade das empresas”.



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