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Produção de calçado na Europa cai a pique

Produção de calçado na Europa cai a pique

27 Mar, 2023

Só a indústria portuguesa resiste


A produção de calçado aumentou, em 2021, 8,6% para um total de 22 mil milhões de pares de calçado. A Ásia assegura, nesta fase, 88,2% da produção global. A Europa é responsável por apenas 2,8% da produção mundial.

Desde 1985, o equilíbrio global mudou de forna significativa. Nessa altura, mais de 35% da produção mundial de calçado assentava na Europa, em particular em países como Itália (545 milhões de pares calçado produzidos em 1985), Espanha (205 milhões de pares), França (198 milhões de pares). Alemanha (171 milhões de pares) e Reino Unido (136 milhões de pares). Nas últimas quatro décadas, a produção caiu a pique. Em conjunto, estes quatro países deixaram de produzir 900 milhões de pares de calçado (quebra na ordem dos 70%). Na Europa, apenas Portugal resistiu. Com efeito, desde 1985, a produção de calçado em Portugal aumentou mesmo 36% para 76 milhões de pares produzidos em 2021.

Última década de mudanças

Na última década foram menos expressivas as alterações na indústria de calçado a nível internacional. A produção aumentou 4,8%, assistindo-se progressivamente a uma alteração do peso relativo da China em favor de outros «players» asiáticos.

Uma miragem chamada “Nearshoring”

Ainda que se fale com muita insistência de reshoring ou de nearshoring, termos que na sua essência significam retorno das indústrias para o seu país de origem, os números oficiais não parecem revelar essa tendência. “Não é possível comprovar esse movimento”, considera Joana Vaz Teixeira.  De acordo com a coordenadora do World Footwear Yearbook, iniciativa desenvolvida pela APICCAPS que se consubstancia na produção e na divulgação de um relatório aprofundado que analisa as principais tendências no sector do calçado a nível mundial, “não é possível comprovar um regresso forte da indústria à Europa ou uma aproximação massiva aos mercados de consumo”. A indústria “continua fortemente concentrada na Ásia”.

Com efeito, desde 2011, ainda que a produção de calçado na China tenha caído 6,8% para 12 mil milhões de pares (quota global de 54,1%), a produção na India aumentou 17,7% para 2 600 milhões de Paris, no Vietname 69% para 1360 milhões de pares e na Indonésia 54,7% para 1083 milhões de pares produzidos em 2021 (últimos dados disponibilizados pelo World Footwear Yearbook).

Fora do espectro asiático, Países como o Brasil e México recuaram igualmente ao nível da produção: em conjunto deixaram de produzir 75 milhões de pares desde 2011.

Na Europa, o recuo da produção ronda os 7% na última década. Há duas honoras exceções. A surpreendente Alemanha aumentou em 77,4% a produção e calado para 55 milhões de pares produzidos em 2021. Já Portugal, passou a produziu mais 15 milhões de pares de calçado anualmente (crescimento de 24,6%).

Na cena competitiva internacional, nota de destaque para o crescimento da indústria de calçado na Turquia. Na última década, a produção aumentou 191% e ascende agora a 547 milhões de pares.

Que indústria queremos?

“Feita as contas, o continente asiático responde atualmente por nove em cada dez pares de calçado produzidos à escala internacional”, recorda Luís Onofre. “Não é sustentável” aponta o Presidente da APICCAPS. Por esse motivo, Portugal tem investido de forma recorrente na sua indústria. Ainda recentemente, lançou o Plano Estratégico para a próxima década que pressupõe um investimento global na ordem dos 600 milhões de eros. “Acreditamos ser possível manter uma base industrial forte”, considera Luís Onofre. Por isso, o setor pretende reforçar os investimentos e ser a referência internacional da indústria de calçado e reforçar as exportações portuguesas, aliando virtuosamente a sofisticação e criatividade com a eficiência produtiva, assente no desenvolvimento tecnológico e na gestão da cadeia internacional de valor, assim garantindo o futuro de uma base produtiva nacional, sustentável e altamente competitiva”.



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