Portugal suspende administração da vacina
Foi ontem anunciada a suspensão da administração da vacina AstraZeneca em Portugal. A decisão foi tomada por “precaução”, depois de vários países europeus terem suspendido a vacina devido a relatos de aparecimento de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas.
Espanha, Itália, Alemanha, França, Noruega, Áustria, Estónia, Lituânia, Letónia, Luxemburgo e Dinamarca, além de outros países, incluindo fora da Europa, já interromperam o uso da vacina da AstraZeneca.
No entanto, a empresa já disse que não há motivo para preocupação com a vacina, tendo sido registados menos casos de trombose relatados nas pessoas que receberam a injeção do que na população em geral.
DGS pede tranquilidade
A diretora-geral da Saúde pediu “tranquilidade” às pessoas que já receberam a vacina da AstraZeneca e garantiu que não foram reportadas em Portugal reações adversas como as identificadas em outros países. “Se foi vacinado, mantenha-se tranquilo. Estas reações são extremamente raras e no nosso país não foram reportados fenómenos semelhantes aos encontrados nos outros países”, afirmou Graça Freitas.
A conferência de imprensa juntou a DGS, a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) e a `task force´ do plano de vacinação. Segundo a responsável da DGS, "apesar de as reações adversas mencionadas serem extremamente graves, também são extremamente raras, não estando identificado o nexo de casualidade entre esta vacina e as situações de coágulos sanguíneos registados em outros países”.
“Apesar de não estar identificado o nexo de causalidade entre a vacina e estas reações, pelo princípio da precaução foi decidido fazer uma pausa na vacinação com a vacina da AstraZeneca”, disse Graça Freitas. “Esta suspensão da vacina só está a ocorrer por um mecanismo de extrema segurança, por um mecanismo de precaução, porque foi possível detetar reações adversas através dos sistemas de farmacovigilância que estão montados em todos os países”, sublinhou.
Para a população que já recebeu a vacina da AstraZeneca em Portugal, Graça Freitas apelou ainda para que se mantenham atentas a sintomas de mau estar durante alguns dias. “Sobretudo, se este mau estar for acompanhado de nódoas negras ou hemorragias cutâneas, não hesite e consulte um médico”, salientou a diretora-geral da Saúde.
E quem tomou apenas uma dose? Para já a indicação é aguardar. Graça Freitas garantiu que não há “pessoas nestas condições neste momento” e adiantou que esta vacina tem muitas semanas de intervalo entre doses e que, por esse motivo, não existem pessoas em Portugal em condições de lhes ser administrada a segunda dose”, avançou.
A responsável da DGS reforçou que o Ministério da Saúde e o Infarmed “mantêm toda a confiança na vacinação” e apelam a todos para que continuem a vacinar-se de acordo com o calendário previsto. “Por agora, e como medida de precaução, a vacina ficará guardada, bem acondicionada e, eventualmente, será libertada para administração se e quando a EMA e o nosso Infarmed o decidirem”, referiu.
No total, em Portugal já foram administradas 400 mil vacinas da AstraZeneca e vão ficar agora em armazém cerca de 200 mil doses.
Atraso na vacinação
Este percalço irá resultar num adiamento da vacinação de professores e auxiliares do pré-escolar e 1.º ciclo prevista para este fim de semana. De acordou com o coordenador da ‘task force’ do plano de vacinação, “a principal consequência desta pausa na vacinação é a alteração que teríamos para a vacinação dos docentes e não docentes do pré-escolar e 1.º ciclo. Com esta decisão, os planos que já estavam em execução foram postos em pausa também. Estes planos estão prontos e são adiados para o ponto em que estas dúvidas deixem de existir”, disse o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.
Em causa estava a vacinação de cerca de 80 mil pessoas, sendo que o processo de vacinação dos docentes e auxiliares de todos os ciclos de ensino iria prolongar-se até ao final de abril.
Em declarações prestadas na conferência de imprensa conjunta com a Autoridade do Medicamento e a Direção-Geral da Saúde (DGS), em Lisboa, o coordenador da ‘task force’ reiterou, porém, que “o plano de vacinação prossegue e que se prevê que a primeira fase esteja terminada no final de abril”.