Uma cronologia para entender o confronto entre Rússia e Ocidente
- Na cimeira de Bucareste, a NATO concorda com a adesão da Ucrânia e da Geórgia.
- Os protestos, conhecidos por movimento “Euromaidan”, por serem centrados na Praça Maidan, em Kiev, tornam-se violentos. Dezenas de manifestantes são mortos.
- Em fevereiro, Yanukovich foge do país quando enfrentava um processo de destituição e acaba por se refugiar na Rússia.
- Em março, a Rússia anexa a península da Crimeia, no sudeste da Ucrânia.
- Em abril, separatistas com apoio de Moscovo declaram a independência das repúblicas de Lugansk e de Donetsk, na região oriental ucraniana do Donbass, iniciando uma guerra que provoca 14.000 mortos em oito anos.
- Em 25 de maio, o empresário Petro Poroshenko ganha as eleições presidenciais com uma agenda pró-ocidental.
- Em 06 de junho, os líderes da Ucrânia, Rússia, França e Alemanha criam uma plataforma de diálogo para tentar resolver a guerra no Donbass, conhecida por Formato Normandia.
- A NATO coloca forças em alerta e reforça a presença militar no leste da Europa. Os EUA colocam em alerta 8.500 militares.
- EUA e NATO anunciam que responderam às exigências russas sem revelar pormenores. Reafirmam, no entanto, que a NATO mantém a política de “porta aberta”, o que significa a rejeição da pretensão russa de impedir a adesão da Ucrânia.
- O conselheiro de segurança nacional norte-americano, Jake Sullivan, alerta que a invasão da Ucrânia poderá ocorrer “a qualquer momento”.
- Macron e Biden falam com Putin, por telefone, mas as partes limitam-se a reafirmar as suas posições.
- Zelensky recebe o chanceler alemão, Olaf Scholz, e defende que a inclusão da Ucrânia na NATO garantiria a segurança do país.
- Numa conversa divulgada pela televisão russa, Lavrov admite a Putin a possibilidade de um acordo com o Ocidente, o que suscita algum otimismo em alguns dirigentes ocidentais.
- O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressa “profunda preocupação” com a situação em contactos com Lavrov e com o chefe da diplomacia da Ucrânia, Dmytro Kuleba.
- Os EUA anunciam a transferência da sua embaixada em Kiev para a cidade de Lviv, na zona ocidental da Ucrânia, perto da fronteira com a Polónia.
- Poucas horas antes de um encontro Putin-Scholz, a Rússia anuncia a retirada de algumas das suas tropas por terem terminado os exercícios em que participavam, mas sem indicar números.
Scholz defende que a segurança duradoura na Europa “só é possível com a Rússia” e não pode ser alcançada contra Moscovo.
- Instituições ucranianas, incluindo o Ministério da Defesa e as forças armadas, sofrem um ciberataque, com as suspeitas a apontarem para Moscovo, que nega qualquer envolvimento.
- O dia começa com as autoridades ucranianas a dizerem que nada de inesperado aconteceu no país, depois de informações divulgadas nos EUA de que o ataque russo iria começar nessa madrugada.
- A NATO denuncia que a Rússia continua a reforçar a presença militar nas suas fronteiras com a Ucrânia.
- Os EUA acusam a Rússia de ter enviado mais 7.000 tropas para a fronteira ucraniana e alertam que uma provocação russa no Donbass pode vir a justificar um ataque contra a Ucrânia.
- Forças ucranianas e separatistas do Donbass acusam-se mutuamente de novos ataques. Kiev diz que não tem intenção de atacar Donetsk e Lugansk.
- O primeiro-ministro português, António Costa, defende que a UE deve “explorar até ao limite” a via diplomática e que as sanções contra Moscovo devem ser consideradas numa “situação limite”.
- Os separatistas no leste da Ucrânia anunciam uma operação para retirar civis para a Rússia, que atribuiu passaportes a 720.000 residentes locais nos últimos meses. Os EUA dizem que a operação visa preparar um ataque militar de Moscovo.
- Macron pede o fim dos confrontos no leste da Ucrânia e o regresso ao diálogo.
Blinken diz que a intensificação dos combates no Donbass é uma encenação russa para justificar um ataque à Ucrânia.
- Washington acusa Moscovo de ter posicionado até 190.000 tropas nas fronteiras da Ucrânia, tanto do lado da Rússia como da Bielorrússia.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, diz que Moscovo promoveu a “maior concentração de forças militares” na Europa desde a Guerra Fria.
- Scholz diz que a integração da Ucrânia na NATO não está na agenda “nos próximos dias, meses ou anos”, pelo que a Rússia não tem motivos para agravar a tensão.
- A UE ameaça impor sanções à Bielorrússia se apoiar Moscovo numa invasão da Ucrânia.
- Putin, acompanhado do líder da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, supervisiona exercícios militares estratégicos com mísseis balísticos e de cruzeiro.
- A China pede que as preocupações da Rússia sobre a Ucrânia sejam respeitadas.
- Zelensky pede um calendário claro para a adesão da Ucrânia à NATO e uma reunião do Conselho de Segurança da ONU.
- Kiev anuncia a morte de dois soldados ucranianos em confrontos com os separatistas no Donbass.
- Portugal aconselha os seus cidadãos a sair da Ucrânia "enquanto o podem fazer pelas vias normais".
- A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) anuncia um recorde de mais de 1.500 violações do cessar-fogo no Donbass em 24 horas.
- Boris Johnson diz que a Rússia está a planear "a maior guerra na Europa desde 1945".
- A embaixada de Portugal em Kiev apela a todos os portugueses na Ucrânia que ainda não tenham sido contactados que informem com urgência o seu paradeiro.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, anuncia que 40 portugueses já saíram da Ucrânia e que cerca de duas centenas continuam no país.
- A Presidência francesa diz que Putin prometeu a Macron trabalhar com vista a um cessar-fogo no Donbass e garantiu que vai retirar as tropas da Bielorrússia.
Moscovo e Minsk decidem, no entanto, que os militares russos ficam na Bielorrússia, apesar de terem concluído os exercícios conjuntos. A NATO considera a decisão como um indicador de uma ação contra a Ucrânia.
- O Kremlin diz que é prematuro falar numa cimeira Putin-Biden.
- A UE adota formalmente uma ajuda de emergência à Ucrânia, de 1.200 milhões de euros.
- A Polónia admite acolher até um milhão de pessoas se houver guerra na vizinha Ucrânia e a Hungria diz temer uma vaga de refugiados. Alemanha e Áustria anunciam preparativos para prestar ajuda humanitária a quem fugir da guerra.
- Exército russo diz ter matado no seu território cinco “sabotadores” oriundos da Ucrânia, mas Kiev nega qualquer ação na Rússia.
- Putin diz que a Rússia enfrenta “uma ameaça grave muito grande” e que o Ocidente utiliza a Ucrânia como “instrumento de confronto” com Moscovo.
- Os líderes das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, no Donbass, pedem a Putin para as reconhecer como Estados independentes.
- A Ucrânia anuncia a morte de dois soldados e um civil em bombardeamentos das forças separatistas na região de Donetsk.
- Putin assina os decretos em que a Rússia reconhece a independência de Donetsk e Lugansk, e ordena ao exército russo que envie uma missão de “manutenção da paz” para aqueles territórios no leste da Ucrânia.
- A decisão é condenada pela generalidade dos países ocidentais, a NATO acusa Moscovo de fabricar um pretexto para invadir a Ucrânia e Kiev pede uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU.
- António Guterres diz que se trata de uma “violação da integridade territorial e da soberania da Ucrânia”, e que a ação da Rússia “é incompatível com os princípios da Carta das Nações Unidas", que não é “’um menu à la carte’”.
- Zelensky pede ao Ocidente “medidas de apoio claras e eficazes”, assegura que os ucranianos “não vão ceder uma única parcela do país” e responsabiliza a Rússia por tudo o que acontecer.
- Numa reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU, a China pede moderação, a Rússia diz que “não quer um banho de sangue no Donbass”, os EUA acham ridículo Putin falar numa “força de manutenção de paz” e a Ucrânia exige que Moscovo anule o reconhecimento dos territórios ucranianos separatistas.
- A decisão de Putin provoca uma queda generalizada das bolsas mundiais, o petróleo ultrapassa os 99 dólares, o valor mais alto desde 2014, e o preço do gás natural aumenta 7%.
- Os parlamentos dos autoproclamados estados de Donetsk e Lugansk ratificam os tratados do seu reconhecimento pela Rússia.
- Zelensky alerta que o reconhecimento de Donetsk e Lugansk visa criar uma base legal para uma nova agressão russa, exige a suspensão imediata do gasoduto russo-alemão Nord Stream 2 e admite um corte de relações diplomáticas com Moscovo.
- Moscovo avisa Kiev de que um corte de relações diplomáticas é “um cenário extremamente indesejável”.
- A China, que também tem um diferendo com o Ocidente por causa de Taiwan, expressa preocupação com a situação e pede contenção, defendendo que “as legítimas preocupações de segurança de qualquer país devem ser respeitadas”.
- Scholz diz que tomou medidas para interromper a certificação do gasoduto Nord Stream 2, numa decisão saudada pela UE e pelos EUA.
- A Rússia assegura que vai continuar a fornecer gás aos países europeus. Outros países exportadores de gás avisam que têm uma capacidade limitada para aumentar rapidamente o fornecimento à Europa.
- O Kremlin clarifica que reconheceu Donetsk e Lugansk com as fronteiras que tinham em 2014, quando proclamaram a independência, o que inclui território entretanto recuperado pela Ucrânia.
- A NATO diz que espera um ataque em larga escala da Rússia na Ucrânia e que colocou a sua força de reação rápida em alerta para defender os países aliados.
- A Ucrânia pede aos aliados ocidentais mais armas para se defender da Rússia e garantias de uma futura adesão à UE.
- Os partidos portugueses condenam a Rússia, à exceção do PCP, que critica a NATO e os EUA.
- UE, EUA e Reino Unido anunciam sanções contra interesses russos.
- Moscovo diz que vai retirar os seus diplomatas de Kiev por as autoridades ucranianas não garantirem a sua segurança.
- Blinken cancela um encontro com Lavrov, agendado para quinta-feira, em Genebra, alegando que deixou de fazer sentido com o "início da invasão".